Três ótimos livros sobre Godard, a Nouvelle Vague e o Cinema Francês!

Três ótimos livros sobre Godard, a Nouvelle Vague e o Cinema Francês! – Marcos Doniseti!
 
O excelente livro de Anne Wiazemsky (Editora Todavia) é um relato sério e equilibrado a respeito da sua relação com o genial cineasta Jean-Luc Godard nos últimos anos da década de 1960. Já o filme de Hazanavicius foi feito apenas para tentar manchar a imagem do cineasta. O motivo? Inveja, é claro.
Livros sobre Godard e a Nouvelle Vague!
Quero indicar três ótimos livros sobre a trajetória de Godard e, também, sobre a história da Nouvelle Vague e de pessoas que trabalharam e conviveram com o grande cineasta francês durante a sua vida.
O primeiro livro é 'Um Ano Depois', de Anne Wiazemsky, atriz e escritora que foi casada com Godard durante o período 1967-1972. Ela conta, de forma bem equilibrada e com uma narrativa fluente, como se desenvolveu o relacionamento deles durante os anos de 1968 e 1970, na época em que Godard se envolveu com o maoísmo e fez parte do Grupo Dziva Vertov.
Depois também indico um excelente livro sobre a história da Nouvelle Vague e sobre 'A Bout de Souffle' ('Acossado'; 1959), o revolucionário filme-manifesto de Godard. O livro é 'A Nouvelle Vague e Godard', sendo de autoria de Michel Marie. Tanto o movimento quanto o filme são brilhantemente analisados pelo autor.
E finalmente indico a autobiografia de Jean-Paul Belmondo ('Mil Vidas Valem Mais do que Uma'), o excepcional ator francês que se tornou uma grande estrela do cinema após protagonizar 'A Bout de Souffle' (1959), interpretando Michel Poiccard, o alter ego de Godard. Em um capítulo ele conta a história de sua participação no revolucionário filme de Godard. 
Para quem se interessa pela história de Godard, da Nouvelle Vague e de dois outros importantes nomes do cinema francês (Anne e Belmondo), são três ótimos livros, aos quais comento com mais detalhes na sequência.
Boa leitura.
Um Ano Depois - Anne Wiazensky!: Um relato sério e equilibrado sobre o relacionamento de Anne e Godard no final dos anos 1960!
Godard e Anne Wiazemsky.
'Um Ano Depois', de Anne Wiazemsky é um ótimo livro, mas infelizmente ele foi bastante deturpado na transposição para o Cinema. O livro foi escrito pela atriz Anne Wiazemsky, ex-esposa de Godard, que atuou em vários filmes do cineasta franco-suíço, incluindo 'A Chinesa' (1967) e 'Weekend'(1967).
Anne faz um relato sério e equilibrado a respeito de como foi viver com Godard nos agitados anos finais da conturbada década de 1960, sendo que o Maio de 68 francês ganha muito destaque no livro. Eles se conheceram durante as filmagens de 'A Chinesa', de 1967, e se apaixonaram, o que os levou rapidamente ao casamento.
O livro de Anne é uma leitura prazerosa, que flui facilmente, e se você tiver tempo livre é possível terminar o mesmo em, no máximo, uns dois dias, pois o mesmo tem cerca de 170 páginas. 
'Um Ano Depois' é um relato sóbrio a respeito deste relacionamento com o genial cineasta francês e que foi marcado por vários conflitos (e qual relacionamento que não é?), resultando no fim do mesmo (por iniciativa dela). 
Porém, o maior problema ocorreu com o filme ('Le Redoutable'/'O Formidável'), dirigido por Michel Hazanavicius, que diz que se baseou no livro de Anne. No entanto, na transposição para o Cinema o diretor modificou inúmeras passagens do livro, sendo que todas as mudanças foram feitas no sentido de se prejudicar a imagem de Godard.
Essa é a grande diferença entre o livro de Anne e o filme de Hazanavicius: Enquanto o primeiro é um relato crível e sério sobre o relacionamento de Anne e Godard, o filme de Hazanavicius se preocupa apenas em mostrar situações que possam manchar, o máximo possível, a imagem de Godard. 
Assim, para atingir o seu objetivo, todas as mudanças feitas por Hazanavicius no filme foram neste sentido. O diretor distorceu, deturpou e manipulou acontecimentos, chegando a inventar situações que jamais aconteceram com Godard. O filme de Hazanavicius é um festival de Fake News do início ao fim.
 
A única preocupação de Hazanavicius foi em alterar e manipular as histórias do livro, que foram alteradas com o objetivo de passar a pior imagem possível de Godard, mesmo que para isso ele tivesse que mentir de forma descarada.
 
E o livro de Anne nunca teve esse objetivo. Quem se der ao trabalho de assistir ao filme e de ler o livro dificilmente deixará de chegar à essa mesma conclusão. 
Logo, recomendo que leiam o livro de Anne Wiazemsky e, depois, o comparem com o filme, que apelou para inúmeras mentiras, manipulações, distorções e omissões a fim de prejudicar a imagem de Godard.
 
Também recomendo a leitura de um texto que escrevi e no qual explico, de forma detalhada, quais foram as principais mentiras e manipulações exibidas por Hazanavicius em seu filme (ver link abaixo).
"A Nouvelle Vague e Godard', de Michel Marie!
Michel Marie escreveu 'O Livro' sobre a 'Nouvelle Vague' e a respeito de 'Acossado'. Tanto o movimento, quanto o filme, são analisados e dissecados, nos mínimos detalhes, neste livro essencial.

Quem deseja saber mais a respeito da Nouvelle Vague e sobre o primeiro longa-metragem ('Acossado', é claro), clássico e atemporal, do genial cineasta Jean-Luc Godard eu quero sugerir a leitura deste ótimo livro. 

'A Nouvelle Vague e Godard' (de Michel Marie, Editora Papirus) é sobre  as origens e a evolução do movimento que revolucionou o Cinema mundial e também faz uma análise minuciosa a respeito da obra-prima da Nouvelle Vague, que é 'Acossado', que é um verdadeiro filme manifesto do movimento, tal como o autor demonstra em seu livro.

O livro de Michel Marie tem cerca de 250 páginas e está dividido ao meio entre o movimento e o filme. 
A primeira metade do livro trata do surgimento e da evolução da 'Nouvelle Vague', mostrando a sua origem nas páginas da revista 'Cahiers du Cinéma', publicação da qual os principais cineastas do movimento eram originários: Godard, Truffaut, Chabrol, Rohmer e Rivette. 
Já a segunda metade do livro analisa e disseca, literalmente, o clássico e revolucionário filme de Godard em todos os detalhes (de produção, roteiro, técnicos, narrativos, interpretação, econômicos...). Nada foi esquecido. 
É bom ressaltar que já escrevi e publiquei um texto a respeito deste livro aqui no blog (ver link abaixo).
Jean-Paul Belmondo: Mil Vidas valem mais do que uma!
Autobiografia de Jean-Paul Belmondo é uma leitura bastante divertida e informativa sobre a trajetória de um dos principais astros do cinema francês do Pós-Guerra.
Esse livro autobiográfico do ator francês Jean-Paul Belmondo, 'Mil Vida Valem Mais do que Uma', acabou de ser lançado no Brasil pela L&PM Editores (obrigado...). 
Belmondo conta a história de sua vida de uma forma bem humorada e divertida, tornando a leitura bastante agradável, mesmo quando escreve sobre as dificuldades que ele e a sua família enfrentaram na época da Segunda Guerra Mundial, quando o seu pai foi convocado para servir no Exército francês e foi feito prisioneiro pelos alemães. Depois, ele conseguiu fugir, mas teve que permanecer na condição de foragido até a Libertação da França, em Agosto de 1944. 
Ele diz que desde essa época já demonstrava claramente a sua vocação para ser ator, pois adorava, junto com os seus amigos, montar peças de teatro rápidas para as pessoas, a fim de divertir as mesmas em meio a todos os problemas do período da Guerra. 
Belmondo também percebeu, desde a adolescência, que tinha um grande talento para interpretar os mais variados personagens, chegando a enganar turistas ingleses em viagem pela França de que era um adolescente inglês.
Ele também não poupa críticas ao caráter muito conservador do curso de formação de atores do Conservatório de Paris, o que o prejudicava, pois ele adorava improvisar e usar de sarcasmos e de ironias, o que não era bem visto no curso, que era bem sério e tradicional.  
Impagáveis são as histórias que ele conta a partir do momento em que se tornou um astro do Cinema, o que aconteceu graças 'Acossado' (1960), a obra-prima da Nouvelle Vague e de Jean-Luc Godard. Aliás, ele disse que bastou um dia de exibição do filme para que o seu telefone não parasse de tocar com propostas de trabalho. 
Com isso, ele teve até que trocar o número de seu telefone. Mas a partir dali ele passou a escolher o que iria fazer.
 
Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg no clássico e atemporal 'Acossado' (1959), de Godard.

Aliás, o capítulo do livro em que ele conta sobre a sua participação no revolucionário filme de Godard é um show a parte. Ele diz que, tal como também pensava a belíssima Jean Seberg, 'Acossado' era um filme maluco e iria fracassar. 
Deu no que deu...
Nas filmagens, diz Belmondo, Godard procurava estimular a improvisação o máximo possível, o que ele adorou, é claro. Em uma cena de 'Acossado' ele teria que entrar em um bar e quando perguntou, para Godard, 'o que eu faço?', o cineasta respondeu 'O que você quiser'...
No livro ele também comenta muito sobre os bastidores das filmagens das quais participou (e foram muitas, em mais de 80 filmes), dos conflitos com os diretores, das aventuras, principalmente com seus carros velozes, paixão que passou para o filho (Paul), que chegou a ser piloto de F1. 
Belmondo também comenta sobre as suas relações amorosas com estrelas do Cinema (Úrsula Andress, Laura Antonelli), os conflitos com a imprensa e os paparazzi (sempre interessados em explorar a sua vida pessoal) e com os críticos (que o criticavam quando ele fazia papéis mais sérios), as brincadeiras com os amigos e as inúmeras amizades que fez no meio cinematográfico.
Para quem gosta de Cinema essa é uma leitura muito recomendável. 
Link:
 
Le Redoutable: Diretor mente, distorce os fatos e inventa Fake News para atacar Godard:
 
Livro 'A Nouvelle Vague' e Godard:

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